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Foto do escritorAna. Surya

Deidades na Visão Filosófica e Mitológica Hindu: Um Reflexo de Nossa Natureza Interior

Atualizado: 6 de nov.

Como praticante e professora de yoga há mais de uma década, tenho vivenciado uma jornada fascinante de autodescoberta através das ricas tradições filosóficas e mitológicas do yoga. Quando pensamos em yoga, muitas vezes nos vêm à mente imagens de posturas físicas complexas e exercícios de respiração. No entanto, o yoga é muito mais do que isso; é uma filosofia antiga e profunda que oferece um caminho transformador para o autoconhecimento.


A mitologia hindu é uma rica tapeçaria de histórias que não apenas entretêm, mas também oferecem profundas lições filosóficas e espirituais. No contexto do yoga, essas histórias ajudam a ilustrar conceitos abstratos e a inspirar os praticantes em sua jornada espiritual. Mas para entender verdadeiramente o papel dessas histórias e figuras divinas, é crucial compreender a visão hindu sobre as deidades.


No hinduísmo, as deidades não são vistas como seres externos e distantes, como muitas vezes são percebidas nas religiões ocidentais. Em vez disso, elas são consideradas manifestações ou personificações de diferentes aspectos da consciência universal, conhecida como Brahman. Cada deidade representa um arquétipo, um padrão fundamental da natureza humana e do universo.

"Eu costumava ver as deidades como figuras míticas distantes. Hoje, as vejo como espelhos que refletem diferentes aspectos da minha própria consciência."

Deidades como Arquétipos

Na filosofia hindu, cada deidade representa um arquétipo, um padrão fundamental da natureza humana e do universo. Por exemplo:

  • Shiva representa a consciência pura, a transformação e a dissolução do ego.

  • Vishnu simboliza a preservação, o equilíbrio e a sustentação.

  • Brahma encarna a força criativa e o potencial infinito.

Ao meditar sobre essas deidades ou invocar suas energias durante a prática de yoga, não estamos adorando entidades externas, mas sim nos conectando com esses aspectos dentro de nós mesmos.


A Natureza Simbólica das Deidades

Cada deidade hindu é ricamente simbólica. Seus atributos, armas, veículos (vahanas) e histórias são metáforas profundas para verdades espirituais e psicológicas.

Por exemplo, quando medito sobre Ganesha removendo obstáculos, estou na verdade cultivando a capacidade de superar desafios em minha própria vida. Quando invoco a energia de Saraswati, estou me conectando com minha própria sabedoria feminina interna.

"Em minha prática pessoal, visualizar Durga me ajuda a acessar minha força interior em momentos de adversidade. Não é sobre adoração externa, mas sobre despertar qualidades que já existem dentro de mim."

Na prática de yoga, podemos usar o conceito de deidades para aprofundar nossa experiência:

  1. Meditação: Visualizar uma deidade durante a meditação pode ajudar a cultivar qualidades específicas.

  2. Asanas: Certas posturas são associadas a deidades específicas, permitindo-nos incorporar suas energias.

  3. Mantras: Recitar mantras dedicados a deidades particulares pode sintonizar nossa mente com frequências vibratórias específicas.


Além do Dualismo

Uma das belezas da visão hindu das deidades é que ela transcende o dualismo típico de muitas tradições religiosas. Não há uma divisão rígida entre o divino e o humano, o sagrado e o profano. Em vez disso, há um reconhecimento de que o divino permeia tudo, incluindo nós mesmos.

Através dessas histórias e figuras mitológicas, o yoga se torna mais do que uma prática física; mas um caminho vivo de autodescoberta e crescimento. Cada asana, cada respiração, cada momento de meditação pode nos ajudar a nos conectar com essas energias divinas que residem dentro de nós.


Entender as deidades hindus desta maneira nos convida a uma jornada profunda de autoconhecimento e crescimento espiritual. Não se trata de acreditar em deuses externos, mas de reconhecer e cultivar as qualidades divinas dentro de nós mesmos.


Te convido você a ler algumas dessas histórias em outro texto aqui no blog. Com amor, Ana.


Nota de Direitos Autorais

Este texto é de autoria de Ana C.M. Surya, professora de yoga e escritora do blog Surya Yoga www.projetosuryayoga.com. Você tem permissão para compartilhar este conteúdo, desde que mencione a autora e forneça um link direto para o site.

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